Imagine pagar R$ 100 para comprar um novo avatar para o seu personagem nos jogos? Esse é o problema que os usuários da rede blockchain Ethereum experimentam. Para resolver essa questão, o cripto game Axie Infinity conta com uma rede secundária de baixo custo, a Ronin.
A Sky Marvis, criadora do cripto game de maior sucesso de 2021, chegou a unir 2 milhões de usuários mensais em sua versão blockchain de combate de monstros virtuais, os Axies.
Como a rede Ronin resolve o problema das altas taxas na Ethereum? Como ocorreu o hack de US$ 620 milhões? Vamos responder às suas principais dúvidas sobre a Ronin e explicar para que serve uma sidechain, a rede secundária.
O que é Ronin?
Lançada em fevereiro de 2021, a rede Ronin é uma blockchain, um banco de dados público e compartilhado, desenvolvida para o jogo Axie Infinity.
A tecnologia de escalabilidade sidechain não é novidade, funcionando como uma segunda camada compatível com a rede Ethereum. Na prática, é como se o token ficasse bloqueado para movimentação enquanto uma “representação” dele é movimentada na rede paralela.
Ao final do processo, uma nova transação na rede Ethereum destrava os tokens do usuário, que podem ser novamente transacionados.
Quais as diferenças da rede Ronin?
Sem dúvidas, a maior vantagem são as transações imediatas e sem custo. No entanto, isso é possível através da centralização, com um número reduzido de validadores.
O mecanismo de consenso da Ronin é conhecido como Prova de Autoridade (PoA), pois somente entidades autorizadas pela Sky Mavis podem atuar na validação dos registros na rede.
O sistema de incentivo de segurança é o stake, que requer um depósito de garantia dos validadores. Em troca desse serviço, eles recebem o staking, uma remuneração de novos tokens Ronin (RON). Dentre esses validadores estão algumas exchanges, algumas criadoras de games, como a Ubisoft, além da Animoca Brands.
Como funciona a carteira (wallet) Ronin?
No início, a carteira (wallet) Ronin funcionava apenas como uma extensão dos navegadores Chrome e Firefox. Atualmente, existe um aplicativo em versões para Android e iOS.
A rede blockchain Ronin funciona de forma independente do jogo Axie Infinity e a prova disso é a exchange descentralizada (DEX) Katana, uma corretora automatizada de ativos digitais. Ao conectar sua carteira Ronin na Katana é possível fazer trocas entre os ativos digitais disponíveis na rede Ronin.
O que é possível fazer na rede Ronin?
Atualmente, tem-se três casos de uso básicos, sendo o primeiro diretamente ligado ao jogo Axie Infinity.
- Marketplace: Esse livre mercado do Axie Infinity é utilizado para negociação de tokens não-fungíveis (NFTs), incluindo os monstros virtuais Axies, terrenos e itens especiais do jogo.
- Staking de AXS: Depósito remunerado de AXS direto, sem necessidade de uso da exchange descentralizada DEX.
- Liquidez na DEX: Depósito remunerado de tokens AXS e SLP utilizados para prover liquidez na exchange Katana.
Para os jogadores do cripto game Axie Infinity é obrigatório o uso da Ronin Wallet, pois todas as transações são registradas nesta rede secundária, evitando, assim, as altas taxas e a lentidão da blockchain Ethereum.
Como ocorreu o hack da rede Ronin?
Os ativos digitais da rede Ronin ficam travados em smart contracts, os contratos inteligentes. Embora livres para circular na Ronin, o montante original – que são os tokens no padrão ERC-20 da rede Ethereum – ficam indisponíveis.
O hacker utilizou estratégias de engenharia social para acessar os dispositivos de 5 agentes de verificação, dos quais 4 eram da própria Sky Marvis.
Em 23 de março, este atacante conseguiu destravar e transacionar 173.600 moedas ETH, além de 25,5 milhões da stablecoin USD Coin. Em seguida, essa quantia foi alocada em alguns mixers para tentar ocultar a origem, embora ainda seja possível rastrear parte delas.
O hack da rede Ronin decretou o fim do Axie Infinity?
Não, mas a ponte (bridge) entre a Ronin e a Ethereum até agora está parada. Ainda restam US$ 220 milhões em tokens depositados na rede Ronin e a sua desenvolvedora levantou US$ 150 milhões com investidores para reembolsar, ao menos parcialmente, os usuários prejudicados.
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